Ainda assim alguns comentários precisam de uma resposta para esclarecer a situação.
Entre os Alunos, a maior parte dos contrários manifestam essa opinião por causa dos medos relacionados ao desenvolvimento do ano escolar. Preocupações com trabalhos finais, TCC, Diploma, etc..., são extremamente legitimas. Outras são questionáveis, como por exemplo, repor aula no sábado.
Para os primeiros:
Na última greve que o Centro Paula Souza (CPS) entrou, em 2004, estive presente como aluno da Unicamp, onde estudei. A greve foi feita junto, pois a secretaria que toma conta do CPS é a mesma que dirige as universidades estaduais de São Paulo.
Naquele episódio, alunos se manifestaram exatamente com as mesmas preocupações sobre trabalhos e conclusões de curso entre outros problemas do mesmo gênero. Qual foi a resolução? Houve um calendário novo formulado para complementar os dias de paralização. No caso dos trabalhos houve a criação de uma nova data para entrega destes, uma vez que as bibliotecas ficaram fechadas, o que tornou impossível executar as atividades acadêmicas. No final, todos os problemas foram debatidos, buscando soluções para cada um deles.
Outro caso interessante ocorreu na greve da mesma universidade, em 2007. Houve casos de pessoas que tinham de defender suas teses de mestrado, doutorado e pós-doc. Essas situações são ainda mais complicadas, na medida em que envolvem bolsas de instituições independentes das universidades, além do fato de que para as mesas destas defesas vinham pessoas de lugares distantes, com datas marcadas meses antes. O que foi feito? Para casos em que não era possível remarcar datas, estas atividades foram garantidas.
Agora, minha pergunta é: se é possível refazer o calendário, como em outros momentos foi feito no ensino submetido ao controle da secretária de Tecnologia e desenvolvimento do estado de São Paulo, será que é necessário esse cavalo-de-batalha para datas de entrega?
Em ralação a reposição de aulas:
Sem dúvida isso é ruim para o aluno, mas é igualmente ruim (ou ainda pior) para o professor. Correções e preparação de aulas que eram feitas de sábado terão de passar para o domingo, para a noite, madrugada ou horário que sobrar para o docente executá-las. As atividades não deixarão de ser feitas, só serão execução em outro momento.
Agora, pensar nestes problemas esquecendo-se da realidade dos professores, professoras, funcionários e da escola como um tudo, me parece problemático.
Os defensores de tais ideias esquecem que o bom funcionamento dos espaços de ensino ocorre exatamente pelo comprometimento dos trabalhadores das escolas. Os atuais salários do CPS afastam a possibilidade de manter a qualidade de ensino apresentada até anos próximos pelas Etecs e Fatecs, uma vez que os melhores profissionais começam a refutar estes empregos por causa do valor ultrajante que está sendo pago.
Leitores e leitora pensem: Se pessoas reclamam de repor aula, qual será a indagação quando faltarem professores, como ocorreu no Rosa este ano e que já acontece há tempos em outras escolas?
Pensem: Como exigir qualidade de um cidadão que trabalha até mais de 12 horas por dia? Que momento este professor se atualiza, exerce criatividade, ou descansa? Será que esse cansaço não vai se manifestar em uma aula de má qualidade?
Podemos fazer bravatas e debater exaustivamente quem vai se ferrar mais com a greve, mas isso é perda de tempo, pois todos se prejudicam com a paralização.
Porém, toda crise trás em si a possibilidade da mudança e isso é o que me interessa. Como professor, quero uma escola melhor para mim e para os alunos; quero uma escola que não se preocupe se existirá ou não docente em todos os cargos no ano seguinte; quero uma escola que os melhores profissionais façam fila par vir trabalhar (como ocorria dez, quinze anos atrás), quero poder fazer carreira como professor do ensino público gratuito e de qualidade do estado de São Paulo. Mas para isso é necessário mais que minha dedicação: é fundamental que o Estado cumpra sua parte, reajustando como a lei manda os salários, e debatendo a estrutura de ensino e poder dentro do CPS.
Quem está irregular, ou fazendo algo errado, não são os partidários da greve, mas sim o Governador que já no seu décimo sétimo ano de governo (uma vez que o mesmo partido governa SP desde 1995), não conseguiu conduzir uma política de salário nem de administração de forma digna, honesta, sincera, nem constitucional para educação do estado, seja ela regular, técnica, ou de nível superior.
Os que estão bravos com greve devem reclamar para meu patrão: Senhor Geraldo Alkmin, uma vez que ele é o verdadeiro responsável pelo indicativo de paralização. E também devem lembrar que o movimento grevista, seja reivindicando salários, seja por outros pontos da pauta, está lutando sim por melhorias no ensino do CPS, não só para aqueles que já estão dentro do melhor ensino técnico e tecnológico do país, mas também por aqueles que ainda estão esperando sua oportunidade de gozar plenos direitos ao acesso da educação técnica publica, gratuita e de qualidade oferecida pelo Centro Paula Souza.
Educação é direito de todos! Se você é um aluno, professor, ou técnico administrativo do Centro Paula Souza também é sua responsabilidade manter a qualidade, gratuidade e acesso para os cidadãos. A greve também é para isso.
Ótimo texto !
ResponderExcluirCom foi citado, muitos reclamam de repor aula e outros mas o que vai acontecer quando não tivermos professores para lecionarem as aulas?
Não pensem apenas este ano, pensem no próximo também, se é que ainda neste ano não corremos o risco de ficar sem professores.
Perfeito, comentei sobre isso em outro texto. As pessoas precisam parar de pensar apenas no "eu" e mais no coletivo. Chega de passividade.
ResponderExcluirVamos à luta nobres colegas!!!
ResponderExcluirÉ muita "falta de vergonha na cara" utilizar o nosso suado trabalho como propaganda eleitoral e pagar os míseros R$ 10,00 a hora aula para professores ingressantes.
- Sem plano de carreira.
- Sem data base para reajuste salarial.
- Vale coxinha (Vale refeição) e ainda não são todos que fazem jus ao referido vale.
- Ninguem sabe como é calculado o tal "Bonús", possibilitando a manipulação dos resultados...
e os demais "Desaforos" que temos que aturar ... ... ...
A hora é agora, unidos venceremos mais essa batalha nobres colegas.
E digo mais, mesmo não sendo viável a mim participar da greve, paraliso em solidariedade a meus colegas, pois ainda acredito sermos um "time vitorioso". Todas as conquistas da Etec Rosa Perrone Scavone, são frutos do trabalho em grupo (Direção, Professores, Funcionários e alunos) e com um pouco de "bom senso" dos governantes podemos alçãr vôos cada vez mais altos rumo a outras inúmeras e maiores conquistas....
Unidos Venceremos...
Grande Tomaz, expllicação ótima agora eu ja tenho o que eu queria saber, não que eu tivesse preocupado, mas a turma contra tinha como esse o principal argumento contra a greve, agora eu posso explicar melhor, obrigado
ResponderExcluirMinha irmã estudou no rosa, e agora está em uma ótima faculdade; eu estudei o ensino médio inteiro e estou finalizando o técnico em logística. Seria irresponsabilidade, ou até mesmo falta de respeito para com os professores e para COMIGO TAMBÉM se eu não apoiasse a greve! Todo meu senso critico, toda minha noção de política, basicamente, eu aprendi nessa escola, e eu só tenho a agradecer! Por favor, divulguem em suas redes sociais, e em todos os lugares de puderem, se sozinhos já somos fortes, imagine TODOS JUNTOS? Proletários, funcionários, professores, alunos, UNI-VOS, sem luta não a vitória, e é muito melhor morrer em pé, do que viver ajoelhado!
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